sábado, 6 de abril de 2013

"Mãe" ou "mãezinha": Qual é seu tamanho?!

Queridas blogueiras: boa noite!!
 
Após alguns posts sobre violência obstétrica, ai vem mais uma forma de violência implicita em vários profissionais de saúde.
 
Essa semana ainda pensei em escrever sobre a despersonificação do cliente, se pensarmos, ao adentrar um hospital, uma parturiente, na maior parte das vezes, já é despida imediatamente de seu mundo, pois tem que retirar suas roupas para utilizar as lindas veztimentas hospitalares, como se não bastasse isso, ainda é acolhida pelo codinome "mãezinha"!
 
Veja nas lindas palavras do médico Ricardo Jones, o significado de "mãezinha":
 
' "Mãezinha" tem um duplo código. O primeiro é a presença óbvia do diminutivo, que serve para infantilizar a gestante, assim como funciona o discurso feminino das "coisinhas, pequeninhas e bonitinhas", que é utilizado para desmerecer a ação de meninas e mulheres. Isso se produz desde a infância, onde a delicadeza e a fragilidade são expressões valorizadas no comportamento feminino, e a força e a imp...osição são por vezes intoleráveis. A "mãezinha", assim tornada criança, é mais facilmente manipulável e direcionada a aceitar as ordem que lhe são dadas, e com menos culpa suprimimos a sua vontade e solicitamos que obedeça o sistema, as regras e os protocolos. O segundo sentido oculto - e para muiitos totalmente inconsciente - é a liquefação do sujeito, a amálgama deste no tecido social, como diria Max. Quando fui oficial médico na aeronáutica tal era a prática estimulada: jamais chamar pelo nome, e sempre pela inserção funcional do sujeito na instituição. Chamávamos pelo que ele fazia, como se o sujeito fosse reduzido à sua função, sua utilidade. Assim, falávamos "soldado", "sargento", "cabo" ou mesmo "capitão". Não havia "sujeito", apenas sua ação (ou, como em Ghost Busters, "Não existe Dana, apenas Zu...). Mãezinha serve a este fim: a supressão da individualidade e a infantilização de um sujeito tornado objeto.' (Ricardo Jones)
 
Basta reflertirmos no seguinte ponto: Se ao nascer você recebe um nome, por que não exigir que seja chamado por ele?
 
Atualmente, quando nossas mulheres não são reduzidas à "mãezinhas" acabam sendo conhecidas pelo número do leito, pelo número do prontuário e assim vai!
 
Quem já não ouviu algum profissional dizer: "O paciente do leito tal...", " A mãezinha não conseguiu dar de mamar", "Vou atender o paciente do prontuário tal..." ou "vou ali atender o quarto 3...". Absurdos como esses são utilizados, pois subjetivamente permitimos que nossos sistema aja dessa forma conosco. Então, que tal aderir a campanha: "Eu tenho nome"!
 
Já ouvi depoimentos de mulheres dizendo que tinham dó do profissional porque eram muitos clientes atendidos, mas cabe dizer, que eles tem nossos prontuários ou ao menos antes de empregar a palavra "mãezinha" pode perguntar: "Qual o nome da senhora?", acho que a frase é muito extensa e difícil de ser empregada, não?!
 
Agora, basta escolher: prefere ser a "mãezinha" ou apenas a mãe que possue uma identidade?!
 
"Mãezinha" não é elogio, é diminuição!!!
 
Boa noite,
Nayara!
 
Para maiores esclarecimentos e depoimentos, basta nos escrever: consultoriasermae@gmail.com
 
 

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