terça-feira, 21 de maio de 2013

Denuncia: Não somos imperfeitas, você que é!

Queridas blogueiras: bom dia!

Primeiramente, fico muito feliz pois o trocadilho de sexta sobre amamentação bombou, sendo assim, se você gostou publique-o em sua timeline do facebook para que mais pessoas tenham acesso à esse simples acróstico.

Mais uma vez, por meio de um novo post buscarei retratar nossa realidade, que sempre é distorcida pela mídia deturpada.

Pra quem teve a infelicidade de assistir ao primeiro capítulo da novela "Grobal", ops...quis dizer Global pode presenciar cenas de partos vaginais, que como sempre são apresentados de forma instantânea e sempre com finais desfavoráveis para não dizer trágicos.

Desde o advento da medicalização e da institucionalização do nascimento, o parto sai do cenário domiciliar e passa a ser hospitalar, uma das causas citadas e incorporadas pelas mudanças socioculturais foi a distorção do corpo feminino, que não seria mais capaz de parir. Tanto é que para o médico Joseph DeLee, o nascimento seria para a mulher como cair com as pernas sob uma forquilha, e para o bebê como ter sua cabeça esmagada por uma porta (Diniz, 1997). A partir dessas teorias, a mulher vai se tornando refém de sua fisiologia, e a solução seria a remoção do bebê por via abdominal com a salvadora técnica da cesárea, pois o processo natural e fisiológico era e é incorporado como monstruoso. Talvez, nossa mídia ainda busque retratar essa crueza de inversão da fisiologia feminina, que não seria mais capaz de promover o nascimento fisiológico, pois por meio das cenas exibidas uma mulher morreria por ter um parto vaginal com hipertensão descompensada ou devido uma hemorragia pós-parto, mas nunca devido uma "desnecesárea"!

Pasmem, mas antes do advento da medicalização, as mulheres, podemos enquadrar até nossas avós e bisavós tinham pavor de imaginar que teriam que parir em um hospital ou casa de saúde, pois o risco de morte, principalmente, por infecção era altíssimo. Sendo assim, as mulheres que as parteiras encaminhavam para os hospitais saiam chorando de casa, pois tanto a família quanto a própria parturiente sabiam que a sobrevivência seria mínima. Será que essas mulheres já previam as tragédias que a tecnologia poderia nos trazer no futuro?! 

Basta prestar atenção, você sabia que a cesárea eletiva faz mais mulheres vítimas que um parto vaginal?!


Segundo o Ministério da Saúde, em 2010 tivemos em torno de 68,2 mortes a cada 100 mil nascidos vivos, fato pouco visto nos países desenvolvidos ou que tem índices de cesarianas baixos (http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/idb2011/C03b.htm). Sendo assim, como a própria pesquisadora, professora e médica Carmem Simone Diniz (2009) salienta, vivemos um verdadeiro paradoxo perinatal, pois quanto maior são os investimentos em tecnologias, maior estão sendo nossos índices de óbitos maternos e neonatais. A tecnologia é sempre bem-vinda para salvar vidas, e não para prejudicá-las!
Dentre essas tecnologias e avanços a que mais se destaca ainda é a cesárea eletiva, ou seja, marcada e escolhida, fato que aumenta os índices de hemorragia e infecção puerperal, e não obstante, a utilização de unidades de terapia intensiva para os bebês. 
Se as evidências científicas demonstram um prognóstico pior nos casos das cesarianas, como pode uma emissora ainda apelar por fins trágicos em partos normais? Será que a "grobo" está desatualizada e não sabe que a cesariana eletiva acaba sendo mais arriscada que um parto vaginal?! Será que a plim-plim ainda quer deixar a ideia que nós, mulheres, somos reféns de um organismo incapaz de parir? Será que para o sensacionalismo global, parir de forma fisiológica aumenta o risco em relação à uma cirurgia abdominal?

Sendo assim, além da TV ser excludente, pois nos torna mais individualista, em contrapartida do rádio que nos interliga, atualmente, a televisão tende a ser uma formadora de opinião. Então, você mulher busque ter uma visão crítica, pois a ficção não imita a realidade, por isso, NÓS NÃO SOMOS IMPERFEITAS, VOCÊ (GLOBO) QUE É!

É quase inadmissível, se não surreal, imaginarmos que o espécie humana seja incapaz de ter seus nascimentos por via fisiológica como as demais espécies, tão já, algo de errado existe, não é?! Afinal, temos índices de 95% de cesáreas em hospitais particulares. Se me permitirem a comparação, é como se 90% das cachorras tivessem que ter cirurgia abdominal para garantir a vida dos filhotes e se salvaguardar! 

Não deixe ser enganada, as chances de uma hemorragia são maiores em uma cesariana que em um parto normal, assim como, mulheres com pressão alta e tratamento correto não são indicativos de cesárea eletiva! Não seja levada pela mídia, pense diferente, seja crítica e real, pois nossa mídia ainda é ficção!

Para se informar mais, acesse uma de minhas entrevistas falando sobre os diferentes cenários de nascimento por via vaginal, basta acessar e ouvir: https://soundcloud.com/serginho-carnevale/parto-normal-natural-e
Ainda essa semana, mais uma gravação para vocês discutindo essa temática, não deixe de acessar para ouvir!

Se você tem interesse de se informar mais, venha participar do Grupo Arte de Ser Mãe da gestação ao pós-parto! As turmas serão formadas para ter início em junho! Quem tiver interesse basta entrar em contato pelo e-mail: consultoriasermae@gmail.com



Referências:
Diniz CSG. Assistência ao parto e relações de gênero: elementos para uma releitura médico-social [Dissertação de mestrado]. Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina, 1997.
Diniz CSG. Gênero, Saúde e o paradoxo perinatal. Rev Bras Crescimento Desenvolvimento Hum. 2009; 19(2): 313-326. Disponível em: http://www.pbh.gov.br/smsa/bhpelopartonormal/estudos_cientificos/arquivos/genero_saude_materna.pdf

Grande beijo,
Nayara.

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