Queridas blogueiras: boa noite!
Hoje, pensei em comentar algo que já fazia enquanto estudante de Obstetrícia nos partos que acompanhei, logo, não é um assunto tão recente, uma vez que faz mais de 3 anos que estou formada. Antes desse tempo, tal assunto já era e sempre foi discorrido, mas a mudança dessa prática, assim como outras do cenário da humanização, não foram ainda incorporadas em nossa prática profissional, e nem mesmo na cultura do nascimento brasileiro. Sendo assim, hoje falaremos do clampeamento do cordão umbilical. Ficou com dúvida? Vamos solucionar, ok?!
Poucas mães sabem da importância desse tempo e o momento correto que o cordão deve ser clampeado, por isso, uma dica: "Fique atenta"!!!
O clampeamento ou pinçamento do cordão é feito pelo profissional que atende o parto, e o corte deste cordão pode e deve ser feito pelo acompanhante de preferência da mulher, dessa forma, todos os escolhidos para esse momento especial devem participar de alguma forma dele.
Historicamente, e atualmente, ainda, muitos profissionais e sistemas de saúde ligam esse cordão precocemente, ou seja, antes mesmo dele parar de pulsar, sendo assim, o aporte sanguíneo que chegaria à esse bebê acaba sendo desprezado. E como todos os anexos, no caso placenta e decíduas, esse cordão "ingurgitado" de sangue também é desprezado como lixo orgânico. Vale salientar, que esse sangue poderia prevenir seu filho contra anemia por ajudar no aporte de ferro, sabia disso?!
O clampeamento quase sempre é imediato para um bebê que nasce de cesariana, pois o bebê deve ser entregue ao neonatologista para os primeiros cuidados, poucos são os médicos, eu ainda gostaria de encontra-los, que deixariam esse bebê recebendo o sangue, uma vez que os mesmos deveriam proceder o fechamento da incisão cirúrgica até mesmo precavendo uma possível perda sanguínea em maior quantidade.
Tirando a cesárea da cena, a pressa dos profissionais faz com que os bebês que nascem de parto normal passem pelo mesmo processo. Antigamente, alguns estudiosos contraindicava o clampeamento tardio, ou seja, antes mesmo do cordão terminar de pulsar, pois verificavam que o grande aporte sanguíneo poderia produzir icterícia neonatal ou o "amarelão" depois do parto na criança, uma vez que o fígado não seria capaz de metabolizar a grande quantidade de hemácias que futuramente iriam se transformar após os processos metabólicos em bilirrubina, a qual em excesso no sangue produziria a cor amarelada na pele, e algumas vezes, na mucosa do recém-nascido, e que se não controlada poderia gerar danos à saúde do bebê.
Entretanto, após vários estudos clínicos e revisões sistemáticas de grande impacto foi demonstrado que quanto maior mais tardiamente ocorre esse pinçamento do cordão, maiores são os benefícios, dentre eles, destaco o principal que seria o combate a anemia no recém-nascido. Sendo assim, os reservatórios de ferro no organismo do bebê aumentariam por consequência deste simples ato.
Neste estudo clínico randomizado, assim como visto nas demais revisões sistemáticas podemos verificar que o simples fato de esperar 3 minutos para que o cordão pare de pulsar ou simplesmente diminua essa pulsação ajudaria no combate à anemia até os 4 meses de idade do bebê, um dentre outros efeitos à longo prazo. Mais informações sobre o estudo, acesse o link:
Abaixo, por meio de uma entrevista com pesquisadoras à Folha de SP podemos verificar que o assunto já era abordado em 2009, com estudos que prediziam o benefício do clampeamento tardio desde 2007. Veja aqui:
Como incentivo, o Ministério da Saúde integra essa técnica de clampeamento tardio às boas práticas que devem ser motivadas e intitula o manual que a descreve como: "Além da sobrevivência", abaixo veja alguns dos inúmeros benefícios, na página 8 deste link:
Recentemente, uma nova matéria foi veiculado pela mídia, demonstrando que uma das maiores maternidades da Inglaterra, no caso em Liverpool, adotou o "novo" protocolo para clampeamento do cordão umbilical, que no caso significa, que ao parar de pulsar esse cordão deve ser clampeado. Mais detalhes da notícia em:
De maneira demonstrativa, repare na imagem abaixo:
Na imagem à esquerda podemos ver um cordão "ingurgitado" e realizando a transferência do sangue da mãe para o feto. Enquanto que, na imagem da direita podemos verificar o quanto esse cordão afinou e agora já está sem a pulsação, podendo assim ser clampeado.
Dessa forma, qual o melhor momento para que esse cordão seja clampeado?
Após o termino da pulsação do mesmo!
Os profissionais ou serviços adotaram essa técnica?
A maior parte deles ainda não, em especial, nos serviços com índices enormes de cesárea.
Aonde encontrar profissionais que procedam o cuidado dessa forma, na qual o cordão seja clampeado ao final da pulsação?
Normalmente, verificamos que, os profissionais humanizados, que praticam seus cuidados sempre baseados em evidências. Além disso, podemos contar com alguns serviços de centros de parto normal ou também casas de partos, mas tudo irá depender do profissional, em especial, da equipe que você escolheu.
Como saber se a equipe que escolhi procede esse cuidado?
Basta conversar! Conversando e sugerindo a prática saberemos se a equipe procederá dessa forma o cuidado, caso contrário, escutará que isso é bobagem, que não é benéfico, que pode ser prejudicial, sendo assim, as equipes que não procedem essa forma de cuidado irão desestimulá-la a realiza-la.
Uma das forma de garantia para manifestar sua vontade seria pelo plano de parto, mas que ele seja respeitado, o profissional que irá proceder os cuidados deve estar ciente e de acordo com ele, por isso, a melhor forma é por meio da conversa, e posteriormente, confirmado pelo instrumento do plano de parto.
Por isso minhas queridas, muita atenção, uma conduta pode mudar muito a saúde de seu filho!!!
O que você achou do tema, tinha conhecimento dessa importância? Documente sobre a importância deixando seu comentário aqui no blog!!! Afinal, sua opinião é muito importante!
Dica de hoje:
Se ligue! Não desligue precocemente o cordão!!!
Para maiores informações contate-nos:
pelo e-mail: consultoriasermae@gmail.com
Grande beijo,
Nayara.
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